sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Velocidade da luz

Nunca faça seu coque ao lado de uma privada aberta, porque seus grampos com certeza cairão. Principalmente se você for estabanada e apoiar-se em um pé sobre o pano de chão do banheiro. Coque arruinado e rosto fedendo a cocô.
Brincadeirinha

Estava no banheiro, lugar que gosto de chamar de "cômodo inconvenientemente criativo" quando várias ideias começaram a fervilhar em minha cabeca. Aquela quantidade aleatória de pensamentos totalmete desconexos que vão aparecendo em velocidade muito maior da que voce consegue escrever. Deve ser de propósito, para ficarmos nos remoendo horas, tentando lembrar de uma fração que seja, para escrever algo parecido e mesmo assim, infinitamente inferior. E mesmo você estando atrasada, eles te obrigam a permanecer sentada, e vão ditando as palavras de frases que surgem sem mesmo você pensar nelas direito.

Quando o efeito criativo do cômodo já está perdendo forcas, uma vez que voce esta sentada na sua cama digitando freneticamente no bloco de notas do celular, volto ao banheiro. E lá vão eles de novo, fazendo você continuar de pijama, metade do rosto maquiado e perder seu onibus.
Aposto que essas ideias não me abandonarão até que seja tarde demais para estudar para as duas provas de amanhã.
Tento pensar em outra coisa. Em vão, e então você percebe que está escrevendo sobre o processo criativo que nunca conseguia entender, controlar e quanto menos descrever.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Captura

Estava saindo da minha escola de ballet no centro da cidade com duas amigas, e ao abrir o portão uma delas diz: vamos tomar cuidado que estão assaltando direto aqui perto.

Mal colocamos o pé na rua e um homem já nos olhava com uma cara estranha, da qual não gostamos nem um pouco. Íamos andando para o sinal apressadamente, quando ele fecha, e lá estava o cara andando bem atrás da gente. Resolvemos entrar na banca mais próxima para esperar e com sorte, encontramos a mãe de uma menina, que pareceu espantar o suposto bandido.
Saímos por trás e com passos largos e medrosos, e o perigo foi ficando longe.
"Qualquer coisa, qualquer homem pode ser nosso pai aqui." eu disse.
Fomos andando mais relaxadas, me despedi e nos separamos nas lojas americanas. Sempre olhando para trás, fui andando com pressa e ainda um pouco assustada, tentando sumir debaixo dos guarda-chuvas do dia chuvoso, ou pelo menos não ser notada.

Já estava em outro sinal, na Rio Branco, consideravelmente longe da escola, porém ainda atenta e desconfiada, esperando que ele abrisse. De repente, sinto minha bolsa sendo puxada do meu ombro e com o coração a mil, instantaneamente olho para o lado, preparada para o pior.
A bolsa só caiu até meu cotovelo, uma mulher havia esbarrado com uma sacola pesada na minha e não se preocupou em pedir desculpas.
Após o segundo susto, atravessei a rua e segui rumo ao ponto de ônibus.

Ainda não havia conseguido avançar muito quando fui abordada novamente. Mas dessa vez, fui capturada pelo cheiro envolvente da carrocinha do pipoqueiro do qual comprava pelo menos uma vez na semana.
Já era de se esperar receber uma pipoca e um sorriso de quem gosta do que faz, mas aquele foi diferente: era quente, acolhedor e transmitia uma segurança sem precedentes, o que eu mais estava precisando naquele momento. Agradeci sorrindo e fui embora com minha pipoca embrulhada para viagem, "para não molhar", como ele mesmo havia dito.

Seguia rápido, mas não mais com medo, apenas não queria perder meu ônibus. Ia feliz e satisfeita, com a certeza de que no mundo, existem pessoas más, mas também existem muitas pessoas boas.
Agora estou sentada no onibus, comendo minha pipoca, tentando contar da melhor forma possível o ocorrido e tenho o sorriso que me capturou nesta quinta feira chuvosa de setembro.